Agradecimentos aos acadêmicos: Lucas L. Sonda; Maycon Demetrius; Lucia H. Monteiro; Dhyellen M. Peloia; Jadye B. Lima; João R. Delai, pela apresentação do seminário: TEORIAS POLÍTICAS DE PLATÃO, na noite do dia 25 de maio de 2011, na aula de Ciências sociais na Unioeste, Campus de Cascavel
Platão, o mais célebre aprendiz de Sócrates, tornou-se reconhecível através de suas obras que trataram dos mais diversos assuntos. Suas palavras percorreram os campos da filosofia, da história, da ética, da economia e da formação social e política. Primeiramente, Platão preocupou-se com o pensar filosófico, em compreender o que nos cerca através da reflexão e do diálogo, e desta forma poder idealizar a melhor maneira de interagir socialmente. Atingiu este objetivo partindo do conceito do mundo das idéias e da formulação da república ideal. Mesmo assumindo o caráter utópico de sua obra, Platão oferece aos estudiosos político-sociais, um material rico em análises ideológicas e empíricas. Neste trabalho, aborda-se as suas teses políticas, sem desprezar suas relações com a história, filosofia, economia e sociedade.
Teorias políticas de Platão
"Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente." Platão - Carta Sétima.
Através do diálogo Socrático, Platão nos apresenta suas teorias políticas. Tendo em mente os três tipos de governo conhecidos na época, monarquia, governo de poucos e democracia, uma análise se dá nas características de cada um. A monarquia divide-se em tirania e realeza, o governo de poucos pode ser formado por uma aristocracia ou oligarquia, e a democracia permanecesse indissociável. À todos eles, conceitos como "riqueza e pobreza", "liberdade e opressão", "alguns ou muitos", podem ser associados, mas o que realmente garante a real ciência de governo não repousa nesses atributos. Platão reconheceu nas sociedades vigentes problemas estruturais graves. Através de suas teorias, fica claro o seu descontentamento com a democracia representativa e com a monarquia absoluta da maneira como se apresentavam. Ainda valorizando o fato de que o povo pode e deve interagir politicamente, ele coloca que, o governante eleito pela maioria (democracia), não está necessariamente apto para ocupar o cargo, da mesma forma que um príncipe que se torna rei apenas pela sua herança genética (monarquia). Sendo assim, ele nos apresenta um modelo ideal de formação social e política, o qual denomina "A República". Nesta obra, observa-se o apreço de Platão pela educação segmentada, ou seja, o indivíduo deveria receber determinado tipo de educação de acordo com sua idade e conquistas anteriores. Exemplificado no fluxograma a seguir:
A instituição familiar deveria ser extinta. Nenhum homem deveria estar ligado unicamente à uma mulher e vice-versa. Desta forma, os filhos e filhas não saberiam quem eram seus pais verdadeiros, sendo a sua educação e cuidados próprios de todos os cidadãos, da cidade como um todo. Assim, os jovens estariam livres dos maus hábitos e dos vícios sociais. Até os 10 anos, as crianças estariam constantemente exercitando seus corpos e aptidões musicais, para desta forma, desenvolverem o físico e a percepção mental oriunda da música. Posteriormente, o indivíduo acresceria à sua formação a moral, que viria da crença no divino. Para ele, a fé traria apenas benefícios, e portanto, não deveria ser descartada ao todo. Para a designação das funções dentro da República, aos 20 anos todos os jovens participariam da Grande Eliminação, um teste físico e teórico que definiria àqueles que integrariam as três classes. Alguns iriam compor a classe econômica, formada por artesãos, comerciantes eentre outros, outros seriam utilizados para a classe dos guardiões, responsáveis pela proteção e segurança da cidade, e por fim, haveria uma classe que daria prosseguimento aos seus estudos. A não hereditariedade das classes também é um fator importante a se considerar, reforçando a condição de que todos obtinham oportunidades iguais. Aos 30 anos, mais um teste iria revelar os aptos ao aprendizado da filosofia, à compreensão do mundo das idéias e do exercício do diálogo. Somente aos 50 anos, depois de ter experimentado os desafios e dissabores da vida, ter estudado incessantemente e superado todos os testes a si impostos, poder-se-ia então pleitear um cargo público. Platão destaca que, com esta estrutura, o governante estaria realmente apto a gerir um Estado, a aplicar a ciência do governo.
Virtudes: Segundo Platão, existem três virtudes que controlam o corpo e a alma, são elas: racional, irracional, concupiscente. A primeira destina-se ao conhecimento das idéias, ou seja, sabedoria. Localiza-se na cabeça. A segunda é caracterizada pelo ânimo e força. Localiza-se no peito. A terceira é definida pelos desejos e paixões e localiza-se no ventre. O governante ideal deveria, sempre, ter a primeira virtude predominante dentre as outras. Sendo a razão a única ferramenta capaz de proporcionar a felicidade e a justiça. Este modelo teórico foi idealizado na cidade de Calípole - Cidade Bela - e nunca foi colocado em prática.
Justiça: Abordando o que é a Justiça, o diálogo leva-nos a conclusão de que a Justiça é uma virtude da alma, sendo, invariavelmente, própria do homem. Assim, como há o homem justo que faz uso da justiça para o bem comum, para o bem estar social e político e que, acima de tudo, não distingue o amigo do inimigo no que diz respeito a aplicar a justiça, sendo virtuoso e correto, em contrapartida, observa-se àquele que desvirtua a Justiça, que não leva em consideração o prejuízo alheio, que coloca a si mesmo em posição de prevalecimento e que não mede esforços para conquistar o que deseja. Atribui-se a este indivíduo as qualidades de egoísta, malévolo e injusto. Tendo conseguido qualificar o justo e o injusto no âmbito individual, afirma-se então que um governante, um Estado, deve partir dos mesmos preceitos, pregando a Justiça e o bem comum.
Mundo das idéias: O mundo das idéias, ou teorias das formas, representa para Platão o conceito da perfeição. Para ele, todas as almas advêm deste mundo e são conhecedoras da mais pura verdade existente. Com o nascer do homem e sua alma sendo jogado nesta nova vida, quase todo o seu conhecimento se esvai, devendo, o homem, buscar novamente esta sabedoria. As ferramentas necessárias para tal ato são o diálogo, a auto reflexão e a filosofia, procurando acima de tudo compreender a essência do que nos rodeia. Distinguem-se desta maneira, o mundo das idéias e o mundo sensível.
Forma do bem: Assim como o Sol e sua luz permitem-nos enxergar com clareza aquilo que nos cerca, a escuridão e as luzes artificiais por muitas vezes prejudicam a nossa visão. Analogamente, o Bem é o fundamentador da verdade, é o instrumento para que se possa compreender o que é real e diferenciar ilusões, hipóteses infundadas. Já o seu oposto, nos leva ao mau julgamento, à incompreensão e à ignorância.
Alegoria da linha dividida vertical: Para exemplificar tais teorias, Platão cria a alegoria da linha dividida. Primeiramente, divide-se a linha entre o mundo das idéias e o mundo sensível. Em seguida, faz-se uma nova divisão em cada um dos mundos.No mundo das idéias Platão caracteriza como superior, a idéia, seguindo-se do bem, da inteligência e da filosofia. A hipótese, seção inferior, é um vislumbre da idéia, é uma ferramenta que faz uso dela, que estuda a conseqüência e a finalidade, enquanto a idéia é capaz de analisar a origem, o princípio real.No mundo sensível, a parte superior é formada pelos homens, pela natureza e pelos artefatos, por aquilo que preenche a nossa realidade. Já a imagem, parte inferior, nos é dada a partir da visão, dos sentidos, é subseqüente da existência. Só é possível, pois o primeiramente o ser existe, senão não poderia ser percebido.
Alegoria da Caverna: Platão então, de forma extremamente didática, nos apresenta um conto que viria a ser um dos mais difundidos de sua obra, a alegoria da caverna. Nela, três personagens encontram-se acorrentados dentro de uma caverna, virados para uma parede e de costas para uma fogueira e a saída. As sombras das formas exteriores à caverna projetam-se na parede visível aos três homens, e seus ecos são ouvidos e associados às mesmas. Nesta condição, deduz-se que a percepção do que é verdadeiro, do que é real para os habitantes da caverna estaria depositada única e exclusivamente no que viam e ouviam, sombras e ecos. Um dos homens liberta-se de sua prisão e pela primeira vez enxerga o mundo do lado de fora e toma conhecimento de que há muito mais do que aquilo que estavam fadados a enxergar e ouvir. Pondera-se então a respeito de sua reação. Poderia ele habituar-se a nova situação ou rejeitá-la completamente. Poderia ele alertar seus companheiros com o intuito de libertá-los de sua incompreensão. Mas não estaria ele sujeito a vários riscos? Não poderia facilmente ser acusado de blasfêmia? Não haveriam chances de ser morto ou ignorado pelos seus próprios companheiros de encarceramento? Este questionamento nos leva a refletir sobre o que pode-se considerar "correntes" em nossas vidas, quais são as sombras e ecos que temos como realidade absoluta, e como lidaríamos com a descoberta, com o confrontamento. Concluí-se que, somos levados constantemente a acreditar no que é irreal ou parcialmente verdade. A mídia, o senso comum, a ignorância e o comodismo são ferramentas que obscurecem nossos olhos, e a única forma de quebrar essas correntes é através da busca pelo conhecimento e da auto-reflexão.
Conclusão: As teorias políticas de Platão, baseadas na reflexão, no diálogo e na filosofia, idealizaram um modelo amplamente estudado durante os séculos que se seguiram. Embora nunca tenha sido colocado em prática, nos apresenta uma ideologia referendada na justiça, na igualdade e no mérito. Mesmo que utópicas, suas teorias são de extrema relevância no estudo do aprimoramento político-social.
Referências:
República, A - PLATÃO
De Aristóteles a Stephen Hawking - Documentário produzido por Focus Filmes.
Sombras da vida, As – SOUZA, Maurício.
Pensadores: Platão, Os – PEÇANHA, José Américo – Editora Nova Cultura, 1991.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Rep%C3%BAblica
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/a/a_republica
http://www.miniweb.com.br/historia/Artigos/i_antiga/platao.html
http://rotasfilosoficas.blogs.sapo.pt/31383.html
http://www.gilvicente.eu/cultura/platao.html
http://www.webartigos.com/articles/6969/1/Platao-E-A-Distincao-Entre-O-Mundo-Sensivel-E-O-Mundo-Das-Ideias/pagina1.html
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